terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Dica de leitura - Refugiados

 



Fiz essa leitura em 2020. O mundo enfrenta hoje uma crise de refugiados sem precedentes. Milhões de pessoas deixam suas casas rumo à Europa andando ou em botes em busca de uma vida segura. A autora começa o livro contando o panorama dos refugiados em 2015: 1 milhão deles chegaram à Europa, 3.400 morreram no caminho. Muitas dessas pessoas acabaram em Calais, na França, na esperança de chegar até a Inglaterra.

O campo de Calais era um imenso aglomerado de pessoas das mais diferentes nacionalidades. Nesse campo, as pessoas necessitavam de tudo. Em 2016 alguns refugiados foram para outro campo aberto por organizações humanitárias. Mas os despejos ocorridos em Calais foram violentos, desumanos, cruéis. A polícia francesa vinha cometendo excessos há muito tempo. 

No fim do livro a autora mostra alguns dados sobre o impacto econômico da imigração. Se as barreiras contra ela caíssem, o PIB dos países poderia dobrar. O impedimento maior dos imigrantes de entrarem em outras nações é o preconceito. Aponta também que os mesmos países contra a imigração, que usam de truculência são os maiores exportadores de armas do mundo. 

Guerra traz lucro. Lutar contra a desigualdade não.



Marcelle Marinho



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Dica de leitura - Neurocomic

 




Li essa história em quadrinhos em 2020. O livro tem a intenção de traduzir alguns conceitos da neurociência para o público em geral. Os autores do livro utilizam um personagem que ao falar com uma garota é absorvido para dentro do cérebro do leitor. Quando ele cai numa densa floresta, ele nota que está vendo células cerebrais. 

A partir daí ele encontra neurocientistas que vão explicar para ele o funcionamento do cérebro. A primeira vista o livro parece complicado, cheio de teorias. Mas não, os autores fizeram a HQ de uma forma que nós, leitores comuns, conseguimos entender muito bem.

Foi uma leitura que gostei muito de fazer, daquelas muito informativas, cheia de conhecimento.



Marcelle Marinho





quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Dica de leitura - Rugas

 




Li essa história em quadrinhos em 2020. É mais uma daquelas histórias que nos torna mais humano ao final da leitura. Na história temos Emílio, que é internado em uma clínica de repouso porque sua família não consegue mais lidar com as dificuldades provocadas pelo Alzheimer. Ex-gerente de banco, ele encara uma vida comunitária como uma prova difícil de ser vencida. 

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa e incurável, reduzindo as funções cognitivas. A doença é caracterizada pela piora progressiva. Inicialmente, na primeira fase, vai se perdendo as memórias mais recentes. É onde Emílio se encontra. O autor Paco Roca mostra um cenário bastante duro sobre o envelhecer no livro. 

Ao final da leitura dessa história em quadrinhos, é inevitável a reflexão dos caminhos que podemos seguir daqui a algumas décadas. Leitura que vale a pena ser feita por todas as pessoas.




Marcelle Marinho



terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Dica de leitura - O menino que comeu uma biblioteca


Li esse livro em 2020. Já conhecia outros livros da autora. O mais famoso dela é A casa das sete mulheres, que virou minissérie na televisão. Nessa narrativa mescla-se a narradora que vive em uma instância do Uruguai e um garoto polonês que vive em Terebin e cujo o avô é viciado em livros, no período da segunda guerra. No meio dos dois, cartas do tarô, passagem do tempo, romance e aventura. 

O livro fala de Shakespeare, Victor Hugo, Virginia Wolf, William Faulkner, Kafka, Oscar Wilde, Cervantes, Goethe, Dumas e outros autores. O menino aprende com seu avô a amar os livros. Com o passar do tempo e conforme a guerra avança, os livros atuarão como parte do seu sustento a fim de atravessar essa fase dura. 

Esse é um livro que mostra o poder que os livros e a leitura podem ter na vida humana.  Certamente, uma excelente dica de leitura para quem é apaixonado pelos livros, assim como eu.



Marcelle Marinho

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Dica de leitura - O mundo da escrita

 




Li esse livro em 2019 emprestado da Biblioteca São Paulo, no Carandiru. Mas um dia ainda quero ter um exemplar para mim para poder reler essa ode maravilhosa à escrita, à leitura e aos livros. 

Desde o surgimento, a escrita, os livros e a literatura era acessível para poucas pessoas. Ler e escrever não era uma atividade ensinada a todos como é hoje. Em O mundo da escrita, o autor quer mostrar como os livros transformaram o mundo. Puchner faz uma viagem a vários países e épocas para contar essa história. Um ponto interessante retratado no livro foram personalidades que nunca escreveram uma linha sequer em vida, mas suas palavras foram a base para a fundação de textos sagrados que até hoje moldam a sociedade, como é o caso de Sócrates, Confucio, Buda, Jesus. Puchner também deixa claro como a escrita e o conhecimento foi se espalhando pelo mundo por conta de tratados comerciais. 

Essa foi uma leitura maravilhosa, viajei pelo mundo sem precisar sair do quarto. Para quem gosta dos livros assim como eu, é uma excelente dica de leitura.


"O aspecto mais fascinante da literatura sempre foi permitir aos leitores o acesso à mente dos outros, inclusive daqueles mortos há muito tempo."



Marcelle Marinho

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Dica de leitura - Sob pressão

 




Li esse livro em 2019, antes de virar série na televisão. Aqui o autor vai nos contar a sua verdadeira rotina de guerra nos hospitais públicos no Rio de Janeiro. Realidade essa que é do sistema público de saúde como um todo. 

"Não se pensa a saúde com a profundidade necessária, como um sistema integrado, preventivo, que tem que funcionar em todas as pontas, com uma lógica que precisa juntar as peças de um quebra-cabeça. Daí o caos, a terra de ninguém." (pág. 29-30).

Sempre soubemos que a saúde no Brasil tinha problemas. Mas contada por um cirurgião você consegue enxergar as entranhas de onde o dinheiro é drenado. 

Gostei muito de fazer essa leitura. Com esse livro entramos a fundo na insuficiência de leitos, superlotação das emergências, carência e má formação dos profissionais de saúde, desigualdade na distribuição de médicos, falta de medicamentos e insumos hospitalares. É impossível sair indiferente dessa leitura.



Marcelle Marinho

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Dica de leitura - Duplo eu

 




Li essa história em quadrinhos em 2019. É a história da própria autora da relação com seu corpo. Navie já começa o livro mostrando a dificuldade de uma mãe obesa em acompanhar o filho pequeno e cheio de energia. Por não saber lidar com a questão do seu peso ela começa a mentir para si mesma, dizendo que está tudo bem consigo mesma. Quando ela precisa ir ao médico, tem um choque de realidade ao ser diagnosticada com obesidade mórbida, além de apresentar problemas de autoimagem e distúrbios alimentares. 

Por trás da aparente autoconfiança existia uma pessoa angustiada, que compensava sua angústia comendo em excesso. Durante o livro ela conta sua jornada de luta contra o vício em comer e ela trata esse vício como seu "duplo eu". 

Essa é uma daquelas leituras que fazem pensar muito.  



Marcelle Marinho

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Dica de leitura - Meu pequeno país

 




Li esse livro em 2019. É um romance que se passa em 1992 mas o autor inicia a sua história num passado mais recente, em que Gabriel, o narrador, conta um pouco sobre a sua vida na França. Imigrante, ele é visto com um olhar curiosos, daqueles em que as pessoas ficam tentando colocá-lo em uma caixa para classificar quem ele é e de onde ele veio. 

Gabriel é filho de um francês com uma ruandesa, refugiada dos conflitos do país. Com 10 anos, vive com seus pais e a irmã mais nova no Burundi. Desde pequeno ele tem a questão da identidade presente em sua personalidade. Ele enxerga o Burundi como sua casa, mas o sonho da mãe sempre foi retornar à Ruanda. Contudo a iminência de uma guerra civil no país amedronta a mãe. 

Meu pequeno país é um livro que começa leve, com relatos simples do cotidiano de Gabriel e sua família. Conforme os conflitos se levantam, o mundo protegido de Gabriel o obriga a enxergar que a vida não é nada simples e fácil. A melancolia vai tomando conta dele, assim como o medo.

Gostei muito de fazer essa leitura. É sempre bom conhecer realidades diferentes da nossa. 



Marcelle Marinho

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Dica de leitura - Elegia do irmão

 




Li esse livro em 2019. É um romance, espécie de diário familiar construído em capítulos curtos e sentimentais cujo narrador decide registrar e homenagear sua irmã Mara, diagnosticada com uma doença grave que leva a morte dela. A "elegia", originalmente um poema lírico e triste que prenuncia ou anuncia a morte é portanto, o registro do irmão de mara para os últimos dias dela.

Desde o inicio sabemos que mara vai morrer. Isso cria um efeito de cumplicidade e pêsames que para com o narrador-irmão, de forma que largar a leitura é como deixar de compartilhar o sofrimento humano: a iminência da morte. Durante a leitura ainda conhecemos a cidade de Cravinhos, onde a trama é ambientada e as histórias familiares que ainda sobrevivem na memória daquela família.

Essa é mais uma daquelas leituras que ao final te humanizam.




Marcelle Marinho 

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Dica de leitura - O diário de Myriam

 




Fiz essa leitura em 2019. É o diário da própria autora retratando a guerra na Síria desde seu início, em 2011. Nessa época, Myriam tinha seis anos de idade. O livro tem uma linguagem muito simples mas ao mesmo tempo emocionantes ao relatar a trajetória da autora em meio à guerra na cidade de Alepo. Acompanhamos a narradora quando os primeiros tiros foram ouvidos, quando as primeiras bombas fizeram as paredes de sua escola tremer, quando a sensação de pânico foi se tornando cotidiana e todos foram se acostumando com o barulho dos tiros. 

É um livro que lembra muito o Diário de Anne Frank, que em meio à ascensão nazista escondeu judeus em sua casa e retratou esse período em seus diários.

 É uma leitura densa, pesada pela temática da guerra, mas vale a pena a leitura para que se conheçam outras realidades, muito diferentes da nossa aqui no Brasil.