Li essa história em quadrinhos em 2017. Uma das melhores que já li até então. É uma verdadeira aula sobre a Trissomia 21 (Síndrome de Down). Um livro autobiográfico que o conta o desenvolvimento desde a gestação de Júlia, segunda filha do autor e portadora da Trissomia 21.
A história se inicia com um flashback de sua infância, onde o autor retrata a si mesmo com um grupo de amigos que encontra um menino que tem Síndrome de Down. Enquanto os amigos zombam dele, ele permanece calado. Esse momento é a primeira abordagem sobre a condição, nos encaminhando para o autor já adulto, morando no Brasil, casado e com uma filha pequena, Louise.
Após um tempo a família decide voltar para a França. Juliana, então grávida de Julia, e Fabien passam a idealizar ainda mais a vida com a nova filha que, para alívio do pai, foi diagnosticada com a saúde perfeita, livrando-o assim do seu maior medo: uma filha portadora da Síndrome de Down.
É com o nascimento da filha mais nova que a vida de Fabien e família vira de cabeça para baixo. Ao visitá-la na maternidade ele constata sinais físicos de uma criança trissômica, condição que é negada pelos médicos. O autor não esconde a rejeição que sente pela filha.
A partir de então assistimos a inserção do autor - que utiliza a monocromia para expressar seus sentimentos nas diversas fases da história - e sua família num mundo completamente novo. Indo de um pai que não consegue segurar ou dar banho na filha em consequência da ausência do vínculo afetivo, Fabien vai aos poucos se adaptando a ideia de ter uma filha com Síndrome de Down.
Esse foi um livro que me fez sair da leitura muito melhor do que eu entrei. Com sua linguagem nua e crua, desfazendo mitos e preconceitos sobre a Síndrome de Down. É realmente uma leitura que vale a pena.
Marcelle Marinho
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