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quarta-feira, 14 de abril de 2021

Dica de leitura - Escrevendo com a alma

 




Li esse livro em 2020. Mais um que trata sobre a escrita. Nesse livro, a autora compilou diversas dicas e reflexões sobre como podemos transformar a escrita em parte de nossa vida. Como desbloquear nosso potencial criativo, o que escrever quando a página em branco te encara e como separar o escritor e o editor que existem dentro da gente são algumas das perguntas que Natalie responde no livro.

Segundo a autora, todos nós temos o desejo de contar nossas histórias e descobrir a nossa voz. Muitas vezes acabamos "sufocados" pelo excesso de expectativa que criamos com relação ao ato de escrever. Marquei nesse livro vários trechos com dicas muito interessantes. Alguns deles transcrevo abaixo:

"1. Mantenha a mão em movimento. Não pare para reler a linha que acabou de escrever. Isso é se retardar e tentar controlar o que você está dizendo. 
2. Não rasure. Isso é editar enquanto escreve. Mesmo que escreva algo que não pretendia escrever, deixe como está.
3. Não se prenda à ortografia, pontuação, gramática. 
4. Solte o controle.
5. Não pense. Não tente ser lógico."

"Um dos principais objetivos da prática de escrever é aprender a confiar na sua mente e no seu corpo; tornar-se a cada dia mais paciente e menos agressivo. A arte pertence a um mundo maior."

"Imagine que a prática de escrever é um espaço que sempre o acolherá de braços abertos, sem lhe exigir nenhuma lógica ou coerência."

"Quando deixamos de temer nossas vozes interiores, também deixamos de temer nossos críticos exteriores."

É uma leitura muito fluída e leve. Para quem quer se aventurar ou simplesmente gosta do mundo da escrita, essa leitura está recomendadíssima! 



Marcelle Marinho





segunda-feira, 29 de março de 2021

Dica de leitura - Escravidão contemporânea

 




Fiz essa leitura em 2020. Quando falamos ou pensamos na palavra escravidão, logo pensamos ser algo distante, ocorrido há muitos anos no Brasil colônia. Mesmo que de tempos em tempos a imprensa noticie casos de trabalhadores libertados da condição análoga à escravidão, ainda assim a palavra permanece ligada ao passado. Por baixo do véu da pouca informação, existe hoje em pleno século XXI  um universo de exploração da mão-de-obra humana tão absurda quanto do período colonial.

Nesse livro, Leonardo Sakamato traz, por meio de textos de diversos autores, várias abordagens desse universo. O Brasil do século XXI escraviza não só negros, embora eles ainda sejam maioria, mas também pessoas de qualquer raça e etnia, atingindo tanto o interior da Amazônia como um grande centro urbano, por exemplo, São Paulo. 

Essa foi mais uma daquelas leituras que dão um chacoalhão na gente, abrem nossos olhos para o que está acontecendo e às vezes, bem do nosso lado.



Marcelle Marinho





terça-feira, 23 de março de 2021

Dica de leitura - Sete anos em sete mares

 




Fiz essa leitura em 2020. Para quem gosta de livros de viagens, assim como eu, essa é uma dica excelente. Aqui Barbara Veiga nos conta suas experiências a bordo dos barcos do Greenpeace como voluntária em defesa do meio ambiente. É uma espécie de diário de bordo dela.

O livro aborda além dos acontecimentos com a autora, as nuances culturais dos lugares por onde Barbara passou e as aventuras, problemas que surgiram pelo caminho e soluções que encontrou para eles. É impossível não sentir o clima de alto-mar, defendendo alguma causa ambiental. 

Algumas ações que Barba mostra no livro: a luta em favor das baleias, a defesa dos atuns que se encontram em extinção, luta contra empresas que utilizam soja transgênica,  e muitas outras.

Com esse livro literalmente viajei sem sair do lugar. Em tempos de pandemia, em que o turismo e o próprio ato de viajar está restrito, ler um livro como esse é uma delícia.



Marcelle Marinho


quinta-feira, 18 de março de 2021

Dica de leitura - O amanhã não está a venda e Ideias para adiar o fim do mundo

 

 



Li esses dois livros em 2020. São livros curtos, que dá para ler um dia mas de uma profundidade ímpar. Neles Ailton Krenak fala sobre a relação do homem com o mundo e com as pessoas. O homem é a única espécie capaz de transformar o planeta Terra, nem sempre para melhor. Desde a Revolução Industrial a Terra vem sentindo e sofrendo os impactos das inovações tecnológicas. Ailton propõe uma mudança de hábito e de postura perante à Terra, deixar de vê-la unicamente como fonte de recursos inesgotáveis, mas passar a nos vermos como parte do ecossistema da Terra. 

Temos hoje uma cultura de globalização que exclui tudo e todos que querem estar fora da lógica de mercado. As populações ribeirnhas, tradicionais e indígenas estão à margem da sociedade nesse formato. O livro cita os Krenak, povo que foi fortemente afetado pelo rompimento das barragem em Mariana, Minas Gerais em 2015. 

É mais uma daquelas leituras que fazem a gente pensar muito sobre o que estamos fazendo com a nossa única casa, o planeta Terra.



Marcelle Marinho


quarta-feira, 10 de março de 2021

Dica de leitura - A morte da verdade

 



Fiz essa leitura em 2020, num momento bastante oportuno. Em meio à onda de boatos e fake news na internet e em redes sociais, esse livro joga luz sobre o assunto nos Estados Unidos. A autora traça um panorama sobre as notícias falsas no governo Trump. Por quê elas ocorrem com tanta frequência não só nos Estados Unidos mas no mundo? Definitivamente, a internet veio para ficar no lugar de tudo e todos, notícia hoje é o que chaga pelo WhatsApp e Facebook. 

Neste livro, a autora é totalmente parcial, contrária ao governo Trump. Não vou entrar no mérito da defesa ou não de Trump. Leiam o livro e tirem suas próprias conclusões a respeito desse tema urgente e necessário nesse mundo digital.



Marcelle Marinho

sexta-feira, 5 de março de 2021

Dica de leitura - Querida Konbini

 




Fiz essa leitura em 2020. O livro é uma breve investigação sobre o conflito entre visões padronizadas e tradicionais com o novo jeito de pensar no Japão. A personagem Keiko não quer deixar a konbini (as famosas lojas de conveniência japonesas onde trabalha há 18 anos), não quer ter uma família ou um filho como todas as suas colegas. A konbini para ela não é só um emprego que ajuda a manter seu minúsculo apartamento. É o único lugar onde consegue se conectar com o mundo. 

A autora também aborda os relacionamentos nesse Japão atual, onde as pessoas não querem namorar, casar e ter filhos. Uns por medo de rejeição, outros pelo simples fato de quererem preservar suas carreiras e independência. Uma questão que ecoa bastante no livro é: O que é normal: trabalhar sem pretensão alguma numa loja de conveniência ou viver um relacionamento de fachada só para satisfazer a expectativa dos outros?

Recomendo essa leitura pelos questionamentos muito atuais que a autora levanta, além da escrita e leitura fluírem muito bem.



Marcelle Marinho



terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Dica de leitura - Refugiados

 



Fiz essa leitura em 2020. O mundo enfrenta hoje uma crise de refugiados sem precedentes. Milhões de pessoas deixam suas casas rumo à Europa andando ou em botes em busca de uma vida segura. A autora começa o livro contando o panorama dos refugiados em 2015: 1 milhão deles chegaram à Europa, 3.400 morreram no caminho. Muitas dessas pessoas acabaram em Calais, na França, na esperança de chegar até a Inglaterra.

O campo de Calais era um imenso aglomerado de pessoas das mais diferentes nacionalidades. Nesse campo, as pessoas necessitavam de tudo. Em 2016 alguns refugiados foram para outro campo aberto por organizações humanitárias. Mas os despejos ocorridos em Calais foram violentos, desumanos, cruéis. A polícia francesa vinha cometendo excessos há muito tempo. 

No fim do livro a autora mostra alguns dados sobre o impacto econômico da imigração. Se as barreiras contra ela caíssem, o PIB dos países poderia dobrar. O impedimento maior dos imigrantes de entrarem em outras nações é o preconceito. Aponta também que os mesmos países contra a imigração, que usam de truculência são os maiores exportadores de armas do mundo. 

Guerra traz lucro. Lutar contra a desigualdade não.



Marcelle Marinho



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Dica de leitura - Neurocomic

 




Li essa história em quadrinhos em 2020. O livro tem a intenção de traduzir alguns conceitos da neurociência para o público em geral. Os autores do livro utilizam um personagem que ao falar com uma garota é absorvido para dentro do cérebro do leitor. Quando ele cai numa densa floresta, ele nota que está vendo células cerebrais. 

A partir daí ele encontra neurocientistas que vão explicar para ele o funcionamento do cérebro. A primeira vista o livro parece complicado, cheio de teorias. Mas não, os autores fizeram a HQ de uma forma que nós, leitores comuns, conseguimos entender muito bem.

Foi uma leitura que gostei muito de fazer, daquelas muito informativas, cheia de conhecimento.



Marcelle Marinho





quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Dica de leitura - Rugas

 




Li essa história em quadrinhos em 2020. É mais uma daquelas histórias que nos torna mais humano ao final da leitura. Na história temos Emílio, que é internado em uma clínica de repouso porque sua família não consegue mais lidar com as dificuldades provocadas pelo Alzheimer. Ex-gerente de banco, ele encara uma vida comunitária como uma prova difícil de ser vencida. 

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa e incurável, reduzindo as funções cognitivas. A doença é caracterizada pela piora progressiva. Inicialmente, na primeira fase, vai se perdendo as memórias mais recentes. É onde Emílio se encontra. O autor Paco Roca mostra um cenário bastante duro sobre o envelhecer no livro. 

Ao final da leitura dessa história em quadrinhos, é inevitável a reflexão dos caminhos que podemos seguir daqui a algumas décadas. Leitura que vale a pena ser feita por todas as pessoas.




Marcelle Marinho



terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Dica de leitura - O menino que comeu uma biblioteca


Li esse livro em 2020. Já conhecia outros livros da autora. O mais famoso dela é A casa das sete mulheres, que virou minissérie na televisão. Nessa narrativa mescla-se a narradora que vive em uma instância do Uruguai e um garoto polonês que vive em Terebin e cujo o avô é viciado em livros, no período da segunda guerra. No meio dos dois, cartas do tarô, passagem do tempo, romance e aventura. 

O livro fala de Shakespeare, Victor Hugo, Virginia Wolf, William Faulkner, Kafka, Oscar Wilde, Cervantes, Goethe, Dumas e outros autores. O menino aprende com seu avô a amar os livros. Com o passar do tempo e conforme a guerra avança, os livros atuarão como parte do seu sustento a fim de atravessar essa fase dura. 

Esse é um livro que mostra o poder que os livros e a leitura podem ter na vida humana.  Certamente, uma excelente dica de leitura para quem é apaixonado pelos livros, assim como eu.



Marcelle Marinho

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Dica de leitura - O mundo da escrita

 




Li esse livro em 2019 emprestado da Biblioteca São Paulo, no Carandiru. Mas um dia ainda quero ter um exemplar para mim para poder reler essa ode maravilhosa à escrita, à leitura e aos livros. 

Desde o surgimento, a escrita, os livros e a literatura era acessível para poucas pessoas. Ler e escrever não era uma atividade ensinada a todos como é hoje. Em O mundo da escrita, o autor quer mostrar como os livros transformaram o mundo. Puchner faz uma viagem a vários países e épocas para contar essa história. Um ponto interessante retratado no livro foram personalidades que nunca escreveram uma linha sequer em vida, mas suas palavras foram a base para a fundação de textos sagrados que até hoje moldam a sociedade, como é o caso de Sócrates, Confucio, Buda, Jesus. Puchner também deixa claro como a escrita e o conhecimento foi se espalhando pelo mundo por conta de tratados comerciais. 

Essa foi uma leitura maravilhosa, viajei pelo mundo sem precisar sair do quarto. Para quem gosta dos livros assim como eu, é uma excelente dica de leitura.


"O aspecto mais fascinante da literatura sempre foi permitir aos leitores o acesso à mente dos outros, inclusive daqueles mortos há muito tempo."



Marcelle Marinho

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Dica de leitura - Sob pressão

 




Li esse livro em 2019, antes de virar série na televisão. Aqui o autor vai nos contar a sua verdadeira rotina de guerra nos hospitais públicos no Rio de Janeiro. Realidade essa que é do sistema público de saúde como um todo. 

"Não se pensa a saúde com a profundidade necessária, como um sistema integrado, preventivo, que tem que funcionar em todas as pontas, com uma lógica que precisa juntar as peças de um quebra-cabeça. Daí o caos, a terra de ninguém." (pág. 29-30).

Sempre soubemos que a saúde no Brasil tinha problemas. Mas contada por um cirurgião você consegue enxergar as entranhas de onde o dinheiro é drenado. 

Gostei muito de fazer essa leitura. Com esse livro entramos a fundo na insuficiência de leitos, superlotação das emergências, carência e má formação dos profissionais de saúde, desigualdade na distribuição de médicos, falta de medicamentos e insumos hospitalares. É impossível sair indiferente dessa leitura.



Marcelle Marinho

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Dica de leitura - Duplo eu

 




Li essa história em quadrinhos em 2019. É a história da própria autora da relação com seu corpo. Navie já começa o livro mostrando a dificuldade de uma mãe obesa em acompanhar o filho pequeno e cheio de energia. Por não saber lidar com a questão do seu peso ela começa a mentir para si mesma, dizendo que está tudo bem consigo mesma. Quando ela precisa ir ao médico, tem um choque de realidade ao ser diagnosticada com obesidade mórbida, além de apresentar problemas de autoimagem e distúrbios alimentares. 

Por trás da aparente autoconfiança existia uma pessoa angustiada, que compensava sua angústia comendo em excesso. Durante o livro ela conta sua jornada de luta contra o vício em comer e ela trata esse vício como seu "duplo eu". 

Essa é uma daquelas leituras que fazem pensar muito.  



Marcelle Marinho

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Dica de leitura - Meu pequeno país

 




Li esse livro em 2019. É um romance que se passa em 1992 mas o autor inicia a sua história num passado mais recente, em que Gabriel, o narrador, conta um pouco sobre a sua vida na França. Imigrante, ele é visto com um olhar curiosos, daqueles em que as pessoas ficam tentando colocá-lo em uma caixa para classificar quem ele é e de onde ele veio. 

Gabriel é filho de um francês com uma ruandesa, refugiada dos conflitos do país. Com 10 anos, vive com seus pais e a irmã mais nova no Burundi. Desde pequeno ele tem a questão da identidade presente em sua personalidade. Ele enxerga o Burundi como sua casa, mas o sonho da mãe sempre foi retornar à Ruanda. Contudo a iminência de uma guerra civil no país amedronta a mãe. 

Meu pequeno país é um livro que começa leve, com relatos simples do cotidiano de Gabriel e sua família. Conforme os conflitos se levantam, o mundo protegido de Gabriel o obriga a enxergar que a vida não é nada simples e fácil. A melancolia vai tomando conta dele, assim como o medo.

Gostei muito de fazer essa leitura. É sempre bom conhecer realidades diferentes da nossa. 



Marcelle Marinho

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Dica de leitura - Elegia do irmão

 




Li esse livro em 2019. É um romance, espécie de diário familiar construído em capítulos curtos e sentimentais cujo narrador decide registrar e homenagear sua irmã Mara, diagnosticada com uma doença grave que leva a morte dela. A "elegia", originalmente um poema lírico e triste que prenuncia ou anuncia a morte é portanto, o registro do irmão de mara para os últimos dias dela.

Desde o inicio sabemos que mara vai morrer. Isso cria um efeito de cumplicidade e pêsames que para com o narrador-irmão, de forma que largar a leitura é como deixar de compartilhar o sofrimento humano: a iminência da morte. Durante a leitura ainda conhecemos a cidade de Cravinhos, onde a trama é ambientada e as histórias familiares que ainda sobrevivem na memória daquela família.

Essa é mais uma daquelas leituras que ao final te humanizam.




Marcelle Marinho 

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Dica de leitura - O diário de Myriam

 




Fiz essa leitura em 2019. É o diário da própria autora retratando a guerra na Síria desde seu início, em 2011. Nessa época, Myriam tinha seis anos de idade. O livro tem uma linguagem muito simples mas ao mesmo tempo emocionantes ao relatar a trajetória da autora em meio à guerra na cidade de Alepo. Acompanhamos a narradora quando os primeiros tiros foram ouvidos, quando as primeiras bombas fizeram as paredes de sua escola tremer, quando a sensação de pânico foi se tornando cotidiana e todos foram se acostumando com o barulho dos tiros. 

É um livro que lembra muito o Diário de Anne Frank, que em meio à ascensão nazista escondeu judeus em sua casa e retratou esse período em seus diários.

 É uma leitura densa, pesada pela temática da guerra, mas vale a pena a leitura para que se conheçam outras realidades, muito diferentes da nossa aqui no Brasil.

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Dica de leitura - Nos idos de março

 




Li esse livro em 2019. É um livro de contos cuja temática é uma só: a ditadura militar brasileira. Sobreviver à ditadura, instaurada com o golpe de 31 de março de 1964 e consumada no fechamento geral pelo AI-5 em 1968 não foi simples. O livro conta com textos de escritores como Antonio Calado, Roberto Drummond, Ignácio de Loyola Brandão, Frei Betto, Luiz Fernando Emediato, Fernando Bonassi, entre outros, que faziam as denúncias do regime de exceção sem poder ser claros para que a censura não barrasse seus livros. 

É mais um daqueles livros que expõe como foi extremamente violento o período da ditadura militar no Brasil. Uma triste parte da história do Brasil que precisamos conhecer para que ela não se repita. 




Marcelle Marinho 

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Dica de leitura - Como se encontrar na escrita




Li esse livro em 2019. Mais um relacionado a escrita. Aqui a autora fala da escrita afetuosa. Não é a escrita com temática amorosa mas sim a escrita que ganha vida, alma, independente do tema abordado. É uma escrita cuidadosa, que toca quem lê. Também é uma escrita corajosa, que vai além da superfície. 

Ana apresenta essa forma de escrita, que na verdade, tem menos a ver com escrita e mais com a percepção sensível do mundo, com atenção aos detalhes. Ao longos dos capítulos Ana nos mostra o caminho percorrido até encontrar a escrita afetuosa dentro de si. No fim de cada capítulo ela sugere um exercício, seja de leitura, escrita ou uma atitude para nos tornarmos mais perceptivos. 

Alguns trechos interessantes do livro:

"É preciso se apoderar da palavra e entender que uma boa escrita está relacionada com a maneira como se olha para a vida. Existem boas histórias para serem contadas em todos os lugares. Elas podem brotar dos encontros mais simples e despretensiosos. Tudo depende do olhar."

"A escrita lhe pertence porque ela nunca deixou de lhe habitar. Às vezes, só a colocamos numa prateleira alta demais, numa caixa guardada no fundo do armário. Por isso, ela é um reencontro com você mesmo, com a vida."

Gostei muito de fazer essa leitura. Mais um livro que levo para a vida.



Marcelle Marinho




 

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Dica de leitura - Big Tech - A ascensão dos dados e a morte da política

 




Li esse livro em 2019. É um livro que fala de forma bastante crítica sobre a tecnologia do mundo moderno. As redes sociais hoje fazem parte da vida de muitas pessoas: Facebook, Twitter, Instagram, Tik Tok, WhatsApp, Linkedin... são tantas as redes que até cansa. Para o autor essas grandes corporações estão assumindo um papel que logo se tornará indispensável na vida humana, e muitas vezes um papel que é do Estado. 

O exemplo mais claro é a Uber. Por preços ditos acessíveis, a Uber assumiu uma parte importante da vida humana: transporte/deslocamento. Há outros exemplos, como Ifood (alimentação), Amazon (compras), Facebook, WhatsApp (comunicação). Uma das grandes questões que se levanta no livro é: como ficam as pessoas que trabalham para essas empresas? Em muitos casos, o regime de trabalho aplicado é precário, sem registro em carteira, sem qualquer benefício ou proteção social. 

Outra questão abordada no livro é com relação ao compartilhamento de dados pessoais dos usuários. Na internet das coisas, dos aplicativos, o tempo todo (mesmo quando as pessoas não compram/usam o site/aplicativo) seus dados estão sendo coletados e compartilhados. Mas existe razão para se preocupar? Com a leitura desse livro a pergunta que fiz foi: Não deveríamos ter o direito de não compartilhar nossos dados? 

Essa foi mais uma leitura daquelas provocativas, que colocam muitas pulgas atrás da orelha e fazem pensar. 



Marcelle Marinho




terça-feira, 3 de novembro de 2020

Dica de leitura - Setenta

 




Li esse livro em 2019. Um livro que retrata um dos períodos mais sombrios do Brasil, a ditadura militar, conhecida também como Anos de Chumbo. O livro retrata as semanas de cárcere de Raul, um bancário preso por engano depois de uma tentativa frustrada de sequestro do cônsul dos Estados Unidos em Porto Alegre pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). 

Apesar de ser um livro pesado, Setenta é um livro sensível e acessível, chocante em suas descrições de tortura, mas também rigoroso na construção da narrativa que intercala vozes e não segue uma ordem linear, passando pelos pesadelos do protagonista, através do desespero da mãe de Raul e do deboche de soldados encarregados de depoimentos que pouco respeitam os direitos humanos. 

Foi uma leitura por vezes tensa, difícil mas necessária para que se conheça, se lembre o que foi a ditadura militar no Brasil para que ela nunca mais se repita. Qualquer governo ditatorial não é a solução.



Marcelle Marinho