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quinta-feira, 18 de março de 2021

Dica de leitura - O amanhã não está a venda e Ideias para adiar o fim do mundo

 

 



Li esses dois livros em 2020. São livros curtos, que dá para ler um dia mas de uma profundidade ímpar. Neles Ailton Krenak fala sobre a relação do homem com o mundo e com as pessoas. O homem é a única espécie capaz de transformar o planeta Terra, nem sempre para melhor. Desde a Revolução Industrial a Terra vem sentindo e sofrendo os impactos das inovações tecnológicas. Ailton propõe uma mudança de hábito e de postura perante à Terra, deixar de vê-la unicamente como fonte de recursos inesgotáveis, mas passar a nos vermos como parte do ecossistema da Terra. 

Temos hoje uma cultura de globalização que exclui tudo e todos que querem estar fora da lógica de mercado. As populações ribeirnhas, tradicionais e indígenas estão à margem da sociedade nesse formato. O livro cita os Krenak, povo que foi fortemente afetado pelo rompimento das barragem em Mariana, Minas Gerais em 2015. 

É mais uma daquelas leituras que fazem a gente pensar muito sobre o que estamos fazendo com a nossa única casa, o planeta Terra.



Marcelle Marinho


sexta-feira, 5 de março de 2021

Dica de leitura - Querida Konbini

 




Fiz essa leitura em 2020. O livro é uma breve investigação sobre o conflito entre visões padronizadas e tradicionais com o novo jeito de pensar no Japão. A personagem Keiko não quer deixar a konbini (as famosas lojas de conveniência japonesas onde trabalha há 18 anos), não quer ter uma família ou um filho como todas as suas colegas. A konbini para ela não é só um emprego que ajuda a manter seu minúsculo apartamento. É o único lugar onde consegue se conectar com o mundo. 

A autora também aborda os relacionamentos nesse Japão atual, onde as pessoas não querem namorar, casar e ter filhos. Uns por medo de rejeição, outros pelo simples fato de quererem preservar suas carreiras e independência. Uma questão que ecoa bastante no livro é: O que é normal: trabalhar sem pretensão alguma numa loja de conveniência ou viver um relacionamento de fachada só para satisfazer a expectativa dos outros?

Recomendo essa leitura pelos questionamentos muito atuais que a autora levanta, além da escrita e leitura fluírem muito bem.



Marcelle Marinho



terça-feira, 23 de junho de 2020

Dica de leitura - 44 cartas do mundo líquido moderno




Li esse livro em 2017. Foi meu primeiro livro do autor. O conhecia por outro livro dele, Amor líquido (que ainda não li mas vou ler). Ele tem um conceito de liquidez moderna, onde Bauman constata a falta de solidez das relações humanas decorrente do imediatismo que afeta a sociedade moderna em vários âmbitos. 

Por meio de uma linguagem simples e direita, Bauman traz à tona temas contemporâneos diversos, como moda, tecnologia, relacionamentos, privacidade, redes sociais, educação, fazendo críticas a fluidez das relações e as consequências da rápida e múltipla troca de informações.

Apesar da pluralidade dos temas abordados, o autor costura os textos de uma tão forma que o possibilita apontar causas muito semelhantes para as questões levantadas. O conceito de liquidez do mundo moderno está sempre presente.

Para mim foi uma estreia excelente ter lido esse livro de Zygmunt Bauman. Com certeza, outros livros dele aparecerão por aqui em breve.



Marcelle Marinho

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Dica de leitura - As boas mulheres da China


Li em 2017 esse livro. Entre 1989 e 1997, a jornalista Xinran entrevistou mulheres de diferentes idades e condições sociais, a fim de compreender a condição feminina na China moderna. Seu programa de rádio, Palavras na brisa noturna, discutia questões sobre as quais poucos ousavam falar, como vida íntima, violência familiar, opressão e homossexualidade. De forma cautelosa e paciente, Xinran colheu inúmeros relatos de mulheres em que predomina a memória da humilhação e do abandono: estupros, casamentos forçados, desilusões amorosas, miséria e preconceito. São histórias como as de Hongxue, que descobriu o afeto ao ser acariciada não por mãos humanas, mas pelas patas de uma mosca; de Hua'er, violentada em nome da "reeducação" promovida pela Revolução Cultural; da catadora de lixo que impôs a si mesma um ostracismo voluntário para não envergonhar o filho, um político bem-sucedido; ou ainda a de uma menina que perdeu a razão em conseqüência de uma humilhação intensa. Quando Xinran começou suas entrevistas, o peso de tradições antigas e as décadas de totalitarismo político e repressão sexual tornavam muito difícil o acesso à intimidade da mulher chinesa. Desde 1949, a mídia chinesa funcionava como porta-voz do regime comunista. Rádio, televisão e jornais estatais eram a única fonte de informação, e a comunicação com pessoas no exterior era rara. Em 1983, o presidente Deng Xiao Ping iniciou um lento processo de abertura da China. Alguns jornalistas começaram a promover mudanças sutis na maneira como apresentavam as notícias. O programa apresentado por Xinran era um dos poucos espaços em que as pessoas podiam desabafar e falar de seus problemas pessoais. Nos relatos do livro, a autora possibilita a vozes antes silenciadas revelar provações, medos e uma capacidade de resistência que as permitiu se reerguer e sonhar em meio ao sofrimento extremo. Em condições extremas de vida, como a dos campos de reeducação da Revolução Cultural, afloram sentimentos de maternidade, compaixão e amor. O olhar objetivo de Xinran dá ao tema um tratamento firme e delicado, trazendo à tona as esperanças e os desejos escondidos nessas difíceis vidas secretas. 


Marcelle Marinho