sábado, 21 de maio de 2022

O Frio lá fora...

Um frio intenso lá fora.
Vento  trepidante nas árvores e telhados.
Um rapaz surge na porta, veio Constelar...
Ofereci a cadeira, expliquei a dinâmica da sessão,  e o tema?
- Olhar o passado e entender o modo como vivo intensamente o trabalho.
E lá vamos nós,  embalados pelo som do vento e as informações que jorram do mundo esquecido da criança ferida.
O trabalho, símbolo do pai e do mundo, conectava o rapaz ao homem que lhe deu a vida.
Um homem de coragem, que deu a vida para o trabalho, sustento da família e do nome. Sua história era motivo de orgulho.
A criança? Sentia o vazio da solidão. 
Solidão de quem? Da Mãe,  que sentia falta do marido, do companheiro , de alguém para trocar as bobagens e dificuldades que as esposas vivem.
Então,  o rapaz no meio da sessão,  retira do bolso uma foto, sua mãe em vestido amarelo.
Ele sorri e aponta a foto. Diz que a mãe realmente estava sempre sozinha. E ele era o companheiro dela.
O pai no meio dos ponteiros do relógio,  sempre chegava em casa lotado de pastas e afazeres.
Colocou a foto no Campo.
Pedi que ele adicionasse o pai, próximo à mãe,  e desse a ele o lugar definitivo.
Aliviado, colocou a mão no peito e afirmou ser a primeira vez que pagava uma sessão de terapia para si, sua vida estava repleta de cuidados com os outros.
Ao final da sessão,  sorriu e apontou para a porta.
- Eu estava mais frio do que o Vento lá  fora, agora meu coração ferve de amor. Vou aprender dia após dia a dar um tempo, para o meu coração. 
A felicidade vai além...Cresci em busca do meu pai.

Muitas vezes o frio dentro de nós é maior do que o lá de fora!
🍀🦉
Myriam Baraldi
Psicanalista,  professora de Constelação Familiar e de Aromaterapia Sistêmica,  especialista em Dependência Química pela UNIFESP UNIAD,  especialista em Métodos de Resolução de Conflitos e em Contratos Sistêmicos.  Advogada Sistêmica.  Proprietária do MYMA CENTRO DE ESTUDOS INTEGRATIVOS LTDA e idealizadora do PROJETO MYMA.

#constelação #terapia #amor #trabalho #vida #reorganização #hierarquia #myma #myriambaraldi

terça-feira, 26 de abril de 2022

As Mudanças

As Mudanças... elas acontecem por obra do acaso, do destino, das escolhas, dos movimentos e do sistema. 
Mudar faz parte do crescimento. 
- "Carregar a mudança".
Quem já ouviu essa frase?
Tenho certeza que muitos de vocês.  
Carregar a mudança,  significa levar as coisas de um lugar para outro... na troca de casa ou de trabalho. 
Veja: Carregar as COISAS. 
Então a mudança de local implica em Carregar as coisas de um lado para o outro. 
E onde ficam as pessoas? 
Ahhh as PESSOAS? Elas podem seguir na Mudança ou ficam para trás.  
Algumas pessoas tem necessidade de MUDAR OS MÓVEIS do lugar, para sentir que a ENERGIA mudou. 
Algumas pessoas precisam trocar de roupas ou mudar de armário,  para sentir que algo mudou. 
Algumas pessoas mudam de casa, pois sentem que o lugar está causando o atraso de vida. 
Algumas pessoas necessitam TROCAR DE PESSOAS, independente do que essas pessoas vão sentir, mas o que importa é a própria necessidade de MUDANÇAS.  
A BUSCA contínua gera um Estado de Ansiedade e determinação Cega, ao ponto de sair no movimento de atropelar tudo e todos, com o objetivo de MUDAR e ser FELIZ. 
No Campo Sistêmico podemos observar o Registro do Abandono, do Amor Interrompido, do Luto da Criança.  
Essa criança que busca eternamente dar certo, encontrar pessoas "boas", que lhe deem atenção,  que lhe tragam a segurança novamente, e que tudo retorne ao lugar certo. 
Até lá,  a TROCA de COISAS e de PESSOAS gera a eterna DANÇA DAS CADEIRAS. 
A busca pelo AMOR da MÃE,  que não voltou (deixou a criança sozinha, viajou, ficou doente, ficou sem leite, não amamentou, trabalhava e voltava tarde, etc. ) desperta a grande vontade de mudanças,  em busca de SALVAÇÃO.  
O PAI? Oras, o Pai é o símbolo do Mundo... Se a pessoa desenvolveu Ansiedade por sensação de Abandono, o que a Mãe sentiu quando o MARIDO viajava ? ficava com amigos? jogava? trabalhava longe? Bebia?
A mãe se sentia SEGURA? 
Então a bola de neve vai rolar, e LEVAR COISAS E PESSOAS ao poço.  
A pessoa vai TROCAR por muito tempo, até que um DIA descobre que precisa MUDAR internamente de SENTIMENTOS, EMOÇÕES,  VONTADES e VISÃO DE VIDA. 
Até lá o DINHEIRO vai servir para DECORAR a CASA, a FACE, e o VAZIO. 
MYRIAM BARALDI 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Colcha de Retalho

Nossos sistemas são como uma colcha de retalhos. Simples ou requintados pedaços de tecidos formam a nossa história.  

Cada pessoa carrega diversos Sistemas (familiar, social, escolar, religioso, político,  trabalho, vizinhos, etc). 

Quando um retalho rasga ou é cortado, a colcha fica perdida, apontada, triste, sem vida... e toma um ar novo quando o buraco é fechado  por outro retalho ou um alinhavado. 

Myriam Baraldi 

Psicanalista 

Professora de Constelação Familiar 


#colchadepessoas #colchaderetalhos #colcha #sistema #Constelação #medo #luto #amizade #família #autoestima 

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Dica de leitura - Escrevendo com a alma

 




Li esse livro em 2020. Mais um que trata sobre a escrita. Nesse livro, a autora compilou diversas dicas e reflexões sobre como podemos transformar a escrita em parte de nossa vida. Como desbloquear nosso potencial criativo, o que escrever quando a página em branco te encara e como separar o escritor e o editor que existem dentro da gente são algumas das perguntas que Natalie responde no livro.

Segundo a autora, todos nós temos o desejo de contar nossas histórias e descobrir a nossa voz. Muitas vezes acabamos "sufocados" pelo excesso de expectativa que criamos com relação ao ato de escrever. Marquei nesse livro vários trechos com dicas muito interessantes. Alguns deles transcrevo abaixo:

"1. Mantenha a mão em movimento. Não pare para reler a linha que acabou de escrever. Isso é se retardar e tentar controlar o que você está dizendo. 
2. Não rasure. Isso é editar enquanto escreve. Mesmo que escreva algo que não pretendia escrever, deixe como está.
3. Não se prenda à ortografia, pontuação, gramática. 
4. Solte o controle.
5. Não pense. Não tente ser lógico."

"Um dos principais objetivos da prática de escrever é aprender a confiar na sua mente e no seu corpo; tornar-se a cada dia mais paciente e menos agressivo. A arte pertence a um mundo maior."

"Imagine que a prática de escrever é um espaço que sempre o acolherá de braços abertos, sem lhe exigir nenhuma lógica ou coerência."

"Quando deixamos de temer nossas vozes interiores, também deixamos de temer nossos críticos exteriores."

É uma leitura muito fluída e leve. Para quem quer se aventurar ou simplesmente gosta do mundo da escrita, essa leitura está recomendadíssima! 



Marcelle Marinho





segunda-feira, 29 de março de 2021

Dica de leitura - Escravidão contemporânea

 




Fiz essa leitura em 2020. Quando falamos ou pensamos na palavra escravidão, logo pensamos ser algo distante, ocorrido há muitos anos no Brasil colônia. Mesmo que de tempos em tempos a imprensa noticie casos de trabalhadores libertados da condição análoga à escravidão, ainda assim a palavra permanece ligada ao passado. Por baixo do véu da pouca informação, existe hoje em pleno século XXI  um universo de exploração da mão-de-obra humana tão absurda quanto do período colonial.

Nesse livro, Leonardo Sakamato traz, por meio de textos de diversos autores, várias abordagens desse universo. O Brasil do século XXI escraviza não só negros, embora eles ainda sejam maioria, mas também pessoas de qualquer raça e etnia, atingindo tanto o interior da Amazônia como um grande centro urbano, por exemplo, São Paulo. 

Essa foi mais uma daquelas leituras que dão um chacoalhão na gente, abrem nossos olhos para o que está acontecendo e às vezes, bem do nosso lado.



Marcelle Marinho





terça-feira, 23 de março de 2021

Dica de leitura - Sete anos em sete mares

 




Fiz essa leitura em 2020. Para quem gosta de livros de viagens, assim como eu, essa é uma dica excelente. Aqui Barbara Veiga nos conta suas experiências a bordo dos barcos do Greenpeace como voluntária em defesa do meio ambiente. É uma espécie de diário de bordo dela.

O livro aborda além dos acontecimentos com a autora, as nuances culturais dos lugares por onde Barbara passou e as aventuras, problemas que surgiram pelo caminho e soluções que encontrou para eles. É impossível não sentir o clima de alto-mar, defendendo alguma causa ambiental. 

Algumas ações que Barba mostra no livro: a luta em favor das baleias, a defesa dos atuns que se encontram em extinção, luta contra empresas que utilizam soja transgênica,  e muitas outras.

Com esse livro literalmente viajei sem sair do lugar. Em tempos de pandemia, em que o turismo e o próprio ato de viajar está restrito, ler um livro como esse é uma delícia.



Marcelle Marinho


quinta-feira, 18 de março de 2021

Dica de leitura - O amanhã não está a venda e Ideias para adiar o fim do mundo

 

 



Li esses dois livros em 2020. São livros curtos, que dá para ler um dia mas de uma profundidade ímpar. Neles Ailton Krenak fala sobre a relação do homem com o mundo e com as pessoas. O homem é a única espécie capaz de transformar o planeta Terra, nem sempre para melhor. Desde a Revolução Industrial a Terra vem sentindo e sofrendo os impactos das inovações tecnológicas. Ailton propõe uma mudança de hábito e de postura perante à Terra, deixar de vê-la unicamente como fonte de recursos inesgotáveis, mas passar a nos vermos como parte do ecossistema da Terra. 

Temos hoje uma cultura de globalização que exclui tudo e todos que querem estar fora da lógica de mercado. As populações ribeirnhas, tradicionais e indígenas estão à margem da sociedade nesse formato. O livro cita os Krenak, povo que foi fortemente afetado pelo rompimento das barragem em Mariana, Minas Gerais em 2015. 

É mais uma daquelas leituras que fazem a gente pensar muito sobre o que estamos fazendo com a nossa única casa, o planeta Terra.



Marcelle Marinho


Dica de leitura - O médico doente

 




Fiz essa leitura em 2020. Gosto muito dos livros do Drauzio. Já li Estação Carandiru e Prisioneiras, ambos relatando as experiências dele como médico voluntário nas penitenciárias masculina e feminina do estado de São Paulo. Nesse livro narra como é estar do outro lado, sendo paciente. Em uma viagem à Amazônia ele contrai febre amarela. De volta à São Paulo começa a ter sintomas não muito claros, que ele identificava em seus pacientes como algo que não tinha como remediar pois era algo incerto.

Ao longo da narrativa, Drauzio faz aquilo que exatamente nós, os pacientes, fazemos muito: primeiro tomar remédios sem prescrição, depois esperar alguns dias, só indo ao médico quando não temos sinal algum de melhora. Com o passar do tempo, os sintomas dele vão piorando sem que se tenha um diagnóstico. É interessante observar no livro os pensamentos que Drauzio tem enquanto paciente. 

A leitura flui muito bem, gostei muito desse livro. Ficamos conhecendo um pouco o outro lado da mesa, quando o médico se torna paciente. 



Marcelle Marinho 


quarta-feira, 10 de março de 2021

Dica de leitura - A morte da verdade

 



Fiz essa leitura em 2020, num momento bastante oportuno. Em meio à onda de boatos e fake news na internet e em redes sociais, esse livro joga luz sobre o assunto nos Estados Unidos. A autora traça um panorama sobre as notícias falsas no governo Trump. Por quê elas ocorrem com tanta frequência não só nos Estados Unidos mas no mundo? Definitivamente, a internet veio para ficar no lugar de tudo e todos, notícia hoje é o que chaga pelo WhatsApp e Facebook. 

Neste livro, a autora é totalmente parcial, contrária ao governo Trump. Não vou entrar no mérito da defesa ou não de Trump. Leiam o livro e tirem suas próprias conclusões a respeito desse tema urgente e necessário nesse mundo digital.



Marcelle Marinho

sexta-feira, 5 de março de 2021

Dica de leitura - Querida Konbini

 




Fiz essa leitura em 2020. O livro é uma breve investigação sobre o conflito entre visões padronizadas e tradicionais com o novo jeito de pensar no Japão. A personagem Keiko não quer deixar a konbini (as famosas lojas de conveniência japonesas onde trabalha há 18 anos), não quer ter uma família ou um filho como todas as suas colegas. A konbini para ela não é só um emprego que ajuda a manter seu minúsculo apartamento. É o único lugar onde consegue se conectar com o mundo. 

A autora também aborda os relacionamentos nesse Japão atual, onde as pessoas não querem namorar, casar e ter filhos. Uns por medo de rejeição, outros pelo simples fato de quererem preservar suas carreiras e independência. Uma questão que ecoa bastante no livro é: O que é normal: trabalhar sem pretensão alguma numa loja de conveniência ou viver um relacionamento de fachada só para satisfazer a expectativa dos outros?

Recomendo essa leitura pelos questionamentos muito atuais que a autora levanta, além da escrita e leitura fluírem muito bem.



Marcelle Marinho