quinta-feira, 23 de julho de 2020

Dica de leitura - Relatos de um gato viajante




Li este livro em 2017. É um livro para quem ama gatos, pois o personagem principal é o gato Nana. Ele é um gato de rua, adotado por Satoru após ser atropelado. Acontece que depois de algum tempo na companhia um do outro, Satoru não poderá mais ficar com Nana e resolve encontrar um novo lar para o gato. 
Os dois começam uma viagem pelo Japão, que vai de encontro às pessoas especiais que fizeram parte da vida de Satoru. 

É uma leitura leve, agradável, para aqueles momentos em que se quer relaxar. 
Vale muito a pena.

Marcelle Marinho

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Dica de leitura - O livro dos ressignificados




Li esse livro em 2017. Me encantei por ele logo que tive contato. É um livro de poesias em que o autor cria ressignificados para as palavras de uma forma muito poética. O livro está dividido em seções: O jardim, O zodíaco, O coração, A mente, A cidade e A história de nós dois. Dentre os muitos novos significados para as palavras, os que eu mais gostei foram: 

sonhar

é um marinheiro em fuga da realidade. é o movimento de mar e desejos navegando em ondas de realidade. é um oceano inteiro de bons sentimentos. é a ressaca do estresse que faz a gente deitar nas nuvens do nosso ser e relaxar. 

é ação que não cabe em mim. transborda. 


arte

é fuga. é lar. é para onde correm as pessoas que procuram se encontrar. é a filha primogênita de quem tenta se expressar. nem sempre é o nosso melhor lado, mas é sempre o mais sincero. é o rosto do Criador por debaixo de qualquer máscara. é um incômodo na existência. é uma boa razão para se estar vivo.

é o ofício dos corações inquietos.


silêncio

o seu me bota medo. o do mundo às vezes me traz calma. é a faca de dois gumes da meditação. enlouquece quem muito pensa. é a melhor opção frente a comentários ignorantes. é quando a fala morre de infarto. é o momento em que se pode ouvir o vento cantar.

é o que faz meu coração ao ver você passar.



coragem

é quando vivemos com o coração, e não com a cabeça. é o nosso instinto contra a razão. é lutar contra chances baixas demais e situações ruins. é o bicho-papão do próprio bicho-papão. é estratégia de combate para derrotar o inesperado. é a ação que refuta a lógica. é o que faz o jogo virar.

do latim coraticum, significa "coração em ação".



É uma leitura que certamente vale a pena!



Marcelle Marinho

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Dica de leitura - Muito longe de casa




Li este livro em 2017. Aqui estamos diante de um testemunho em primeira pessoa, escrito não apenas por uma testemunha ocular mas também por um agente diretamente envolvido na guerra que nos tenta reconstruir. A experiência de Beah como soldado se dá em apenas uma parte do livro, antes disso, temos um relato detalhado do que foi sua vida desde que o seu vilarejo foi tomado pelos rebeldes, perambulando por um ano, a fim de fugir da morte. Depois uma extensa exposição do seu lento processo de redenção. Ishmael Beach oferece-nos um relato sincero e sem rodeios das consequências de uma guerra para os seus envolvidos, no que diz respeito a falta do humanismo e à banalização da morte. 

É uma leitura difícil, densa, mas que certamente vale a pena.



Marcelle Marinho

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Dica de leitura - Vozes de Tchernóbil




Li esse livro em 2017. São relatos de sobreviventes do acidente nuclear ocorrido em Tchernóbil, na Ucrânia, em 1986. É um livro difícil, denso, doloroso de ser lido. Das suas páginas exalam catástrofe e sofrimento. Tão logo o acidente aconteceu, milhares de partículas radioativas foram lançadas na atmosfera, se espalhando rapidamente por toda a Europa. Milhões de vidas se viram transformadas radicalmente, em poucos segundas, com a inauguração a partir desse acontecimento, uma nova era, marcada pela forma diferenciada de destruição, caos e horror, provocada pela radiação. 

A autora busca com o livro dar voz às memórias, frustrações, sonhos, aspirações, paixões e tragédias de milhares de homens e mulheres que foram testemunhas de eventos traumáticos ao longo do século XX. Não interessa a ela reconstruir a história do acidente em si, pois sobre ele já foram feitas muitas reportagens e dezenas de filmes. O que importa para ela é narrar o que ela chama de "história omitida", "os rastros imperceptíveis da nossa passagem pela Terra e pelo tempo". O foco é os impactos e consequências do desastre na vida de milhares de pessoas. 

É uma leitura que recomendo para que se tenha uma perspectiva humana, de se colocar no lugar do outro, não só nessa situação do desastre nuclear mas em outras tantas situações, sejam elas desastres mundiais, sejam vivências cotidianas.



Marcelle Marinho

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Dica de leitura - Gabo memórias de uma vida mágica




Li esse livro em 2017. É o relato biográfico de Gabriel Gárcia Márquez em quadrinhos.Os autores vão retratando as passagens da vida do protagonista, sendo o elo entre as cenas sempre a construção do seu romance, Cem anos de solidão. A abertura do livro é a viagem de férias onde Gabo tem uma espécie de epifania e finalmente entende como deve começar seu livro.

Passamos pela infância, vida adulta, dificuldades financeiras, diversos empregos em várias partes do mundo. Tudo isso é retratado de forma a construir o clima para que Gabo esteja finalmente preparado para escrever seu grande romance e depois receba a consagração com o Prêmio Nobel de Literatura.

A arte dos quadrinhos, dividas entre vários artistas, consegue manter uma identidade visual única. Eles conseguem dessa forma, utilizar a linguagem dos quadrinhos para narrar de forma única a vida de Gabo. É um livro que vale a pena ser lido.



Marcelle Marinho

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Dica de leitura - A sobrinha do poeta




Leitura realizada em 2017. O livro conta a história da cidade de Dores do Indaiá, Minas Gerais, onde existe uma biblioteca rodeada de mistérios, seja por conta da "sexta prateleira, da sexta estante de baixo para cima diante da janela de vidro bisotê...", local onde aparecem escritos enigmáticos nos livros ou por conta da professora Leogedária, que não se impressionava com os mistérios, pois acreditava que eles eram um dos motivos de aproximar os moradores à biblioteca:

"... Vai chegar a hora de vocês lerem Machado de Assis e a Lygia Fagundes Telles... biblioteca é lugar que atiça..."

Tanto mistério faz com que as pessoas comecem a frequentar a biblioteca e tomem gosto pela leitura. Uma das questões abordadas no livro que me chamou a atenção é o poder da leitura na vida de quem lê.

"...Antigamente as pessoas eram proibidas de ler. Livro dá liberdade, as pessoas tem medo da liberdade. Ela faz a gente fazer e acontecer e isso envolve uma série de riscos..."


É um livro para quem, assim como eu, é apaixonado por livros e seu fantástico universo!



Marcelle Marinho

terça-feira, 23 de junho de 2020

Dica de leitura - 44 cartas do mundo líquido moderno




Li esse livro em 2017. Foi meu primeiro livro do autor. O conhecia por outro livro dele, Amor líquido (que ainda não li mas vou ler). Ele tem um conceito de liquidez moderna, onde Bauman constata a falta de solidez das relações humanas decorrente do imediatismo que afeta a sociedade moderna em vários âmbitos. 

Por meio de uma linguagem simples e direita, Bauman traz à tona temas contemporâneos diversos, como moda, tecnologia, relacionamentos, privacidade, redes sociais, educação, fazendo críticas a fluidez das relações e as consequências da rápida e múltipla troca de informações.

Apesar da pluralidade dos temas abordados, o autor costura os textos de uma tão forma que o possibilita apontar causas muito semelhantes para as questões levantadas. O conceito de liquidez do mundo moderno está sempre presente.

Para mim foi uma estreia excelente ter lido esse livro de Zygmunt Bauman. Com certeza, outros livros dele aparecerão por aqui em breve.



Marcelle Marinho

Dica de leitura - A livraria mágica de Paris




Li em 2017 esse livro. No livro, o livreiro Jean Perdu, traumatizada com a partida do seu amor, transforma um barco ancorado à margem do Rio Sena, em Paris, em uma farmácia literária, nome que ele deu ao empreendimento. A cada cliente - ou paciente - Jean receita um livro. O pensamento frequente dele é: algumas dores da alma só podem ser curadas com a literatura. As indicações de Jean são interessantes. A Elegância do Ouriço, de Muriel Barbery, para uma mulher que precisa reencontrar o amor próprio. Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, para quem está no meio da vida e perdeu a capacidade de enxergar. Perdu não vende o que as pessoas querem ler, mas sim o que elas precisam ler. 

Ter lido esse livro só confirmou ainda mais a mensagem que o livro traz: os livros são curadores de almas, te abraçam, te aconselham, te fazem enxergar a vida com mais clareza, eles estão ao seu lado para lhe dizer que você não precisa enfrentar nada sozinho, mas também para te fazer entender que, independentemente do que você estiver passando, precisa viver sua vida, traçar seu caminho e escrever a própria história.

É uma leitura que certamente vale a pena!


Marcelle Marinho

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Dica de leitura - Prisioneiras




Li esse livro em 2017 para o Clube de Leitura da Livraria Martins Fontes. Já tinha lido, há muitos anos atrás, o Estação Carandiru do Drauzio. Assim como no Estação Carandiru, ele relata suas experiências enquanto médico voluntário no sistema prisional paulista. A diferença é que enquanto o Estação Carandiru foca a penitenciária masculina, neste o foco é a feminina, com todas as suas particularidades. 

Uma das diferenças com relação a esse livro é a questão da solidão das detentas. Enquanto nos presídios masculinos existem filas e filas no dia de visitas, nas prisões femininas isso não existe. Elas são largadas à própria sorte, muitas vezes por serem motivo de vergonha para os familiares. Muitas são presas nas portas dos presídios masculinos tentando levar drogas para os seus companheiros. Quando elas são pegas e presas, são abandonadas por eles.  

É impossível sair o mesmo depois dessa leitura. O impacto emocional dos relatos presentes no livro é tão forte quanto o retratado no Estação Carandiru. É uma leitura forte, densa, mas muito válida a fim de se conhecer o que se passa do lado de dentro das prisões de uma forma ampla.



Marcelle Marinho

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Dica de leitura - O arroz de Palma




Li esse livro em 2017 para o Clube de Leitura na Livraria Martins Fontes. Que livro sensível!!! É uma história sobre laços de família, pessoas e muitas vidas. Logo nas primeiras páginas do livro, nos deparamos com o seguinte pensamento:

"Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e no Ano Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência".

O livro tem humor e ensinamentos ditados em sentença que dão um sabor a mais à história do arroz, acompanhado de humor inteligente. A história é sobre uma família portuguesa que migrou para o Brasil. Os 100 anos de lembrança são contados através da voz de Antônio, o primogênito de quatro irmãos, filhos de José Custódio e Maria Romana. Toda a narrativa do livro vem das recordações de António - cozinheiro de profissão - sempre recheadas de afeto. Ao comemorar seus 88 anos ele prepara um almoço de família e reúne todos: mulher, filhos, netos, irmãos.
A história do livro gira em torno de um arroz. No dia do casamento de seus pais, uma chuva torrencial de arroz cai em cima deles e Tia Palma, irmã de Custódio, possuidora de uma alma mágica, recolhe do chão todo arroz e dá de presente aos recém-casados: 

"Este arroz, plantado na terra, caído do céu como o maná do deserto e colhido da pedra - é símbolo de fertilidade e eterno amor. Esta é a minha benção."

O arroz místico e sagrado, não estraga. Ao ser ingerido, o arroz provoca felicidade e fertilidade. Acompanha gerações e resiste a uma migração. O livro não é um diário ou álbum de família perfeito. Ao contrário, muita coisa acontece: casamentos, brigas, separações, intrigas, comemorações, nascimentos, diferentes opções sexuais, desentendimentos e mortes. Tudo o que uma família tem direito, temperada com as palavras do autor, que sabe dosar as palavras com uma poesia deliciosa:

"Família é afinidade, é à Moda da Casa. E cada casa gosta de preparar a família do seu jeito."

O Arroz de Palma não é um livro de receitas para se conviver em família. Família boa é à Moda da Casa. É um livro para pegar, ler com alma e guardar com carinho.


Marcelle Marinho