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quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Dica de leitura - 24/7 - Capitalismo tardio e os fins do sono

 




Li esse livro em 2019. É um ensaio dividido em quatro capítulos no qual o autor explora de forma crítica os aspectos históricos, sociais, culturais e econômicos que propiciaram a criação de um modo de vida, o chamado 24/7 (24 horas por dia, 7 dias por semana), em que a relação de consumo se dá de maneira ininterrupta, sem limitações de tempo e espaço, rompendo várias fronteiras necessárias para o equilíbrio do nosso planeta: o dia e a noite, o trabalho e o descanso, a vigília e o sono - este, a última barreira orgânica, humana, intransponível para o avanço irrefreável do capitalismo.

Por meio de análises de romances, filmes, obras de arte e de diálogos com o pensamento de filósofos como Marx, Arendt e Foucault, Aristóteles o autor desenvolve uma leitura instigante do mundo contemporâneo, levantando várias reflexões. Não é uma leitura simples, parei em muitos trechos. Foi um livro que me deixou com a "pulga atrás da orelha" ao olhar para forma como trabalhamos, consumimos, como nos relacionamos com as pessoas e com mercadorias, como comemos e claro, como dormimos. 



Marcelle Marinho

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Dica de leitura - Deslocamento

 




Li essa história em quadrinhos em 2019. É a autobiografia  sobre uma viagem de navio que a autora fez com os avós. Já no primeiro dia de viagem, Lucy descobre a fragilidade da vida no fim da terceira idade, quando seu avô, antes aviador e soldado da segunda guerra, aparece com dificuldades como incontinência e restrição na locomoção, enquanto sua avó não a reconhece. Os dois necessitam de sua ajuda para as atividades mais simples.

Lucy faz de tudo para tornar a viagem especial, mesmo que ela tenha que se desdobrar. Deslocamento é um livro emotivo por sua sensibilidade. Numa explosão de descobertas, Lucy acaba desvendando a si mesma, além de ter maior entendimento sobre assuntos relacionados à família, à idade e a morte.

Gostei muito de fazer essa leitura. É mais uma que ao final nos humaniza. A relação do ser humano com o envelhecimento sempre foi deixada em segundo plano. Saber lidar com a terceira idade é um tema de extrema importância.




Marcelle Marinho

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Dica de leitura - O dilema do porco espinho

 




Li esse livro em 2019. Foi meu primeiro contato com o autor. O livro está dividido em seis capítulos. Karnal começa analisando a solidão do ponto de vista bíblico, refletindo sobre a criação do homem e dos animais. Fala ainda de como a modernidade, que trouxe as redes sociais, facilitou para que as pessoas tomassem uma "distância segura" das outras pessoas sem se sentirem completamente sozinhas, já que no mundo virtual as pessoas podem conversar com quem quiser e interromper essa mesma conversa "sem danos para ambos". Mas ao mesmo tempo, as mesmas redes sociais contribuíram para afastar as pessoas, fazendo com que cada um viva na sua "bolha". 

Karnal também cita como a solidão ajudou na produção de grandes obras, como por exemplo, O Conde de Monte Cristo, Hamlet, Dom Quixote, Robinson Crusoé, Moby Dick, O morro dos ventos uivantes, A paixão segundo G. H, entre outras.

É uma leitura muito fluída, quando você vê o livro já terminou!

Certamente vale a pena!



Marcelle Marinho

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Dica de leitura - Palavra por palavra

 




Li esse livro em 2019. Sempre me interessei muito não só pela leitura mas também pela escrita (e elas estão intimamente ligadas). Esse livro fala um pouco sobre a profissão de escritor (e não o que a maioria das pessoas imagina). O livro é bem interessante para quem deseja trabalhar nessa área, pois, além de dicas e ensinar técnicas de como escrever melhor, criar histórias e até como publicar, traz algumas lições da vida real. A autora deixa claro no livro que não existem fórmulas mágicas para escrever. Parte do pressuposto que é a gente mesmo que tem que sentar na cadeira e escrever, criar uma rotina até se tornar um hábito como beber água. 

Outra leitura que gostei muito de fazer, que exalta a magia e o poder dos livros, da leitura e escrita. 




Marcelle Marinho

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Dica de leitura - O peso do pássaro morto

 




Li esse livro em 2019. É um livro que cativa pela originalidade de sua estrutura narrativa em uma prosa poética. Aqui acompanhamos a vida de uma mulher dos 8 aos 52 anos, mais especificamente as perdas na vida dela, não só de companhias queridas, mas também da inocência, da fé e da esperança. São nove capítulos, todos intitulados com a idade da personagem no momento do relato.

A cada novo capítulo a resiliência da personagem prova que, mesmo diante de todas as perdas, a vida encontra saídas até completar um ciclo. A narradora ressurge como quem se recusa a ser feita apenas de dor. Ainda que haja esse fio de esperança costurando os episódios, não se trata de uma leitura leve. O tom brando do início dos capítulos não dura muito. 

Gostei muito de fazer essa leitura, de conhecer a prosa poética de estreia da Aline Bei. Uma leitura que por vezes não é fácil, mas vale a pena.



Marcelle Marinho 

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Dica de leitura - Duas vidas

 




Li essa história em quadrinhos em 2019. Do mesmo autor de outra HQ, Não era você que eu esperava, que já comentei aqui no blog. Nossa sociedade contemporânea funciona em alta velocidade. Somos programados para trabalhar, pagar contas e consumir. Pouquíssimos de nós tem a oportunidade de se questionar: "é isso o que eu gostaria de estar fazendo?". Para muitos de nós, aqueles sonhos de criança desapareceu nas poeiras do tempo porque crescemos e assumimos outras responsabilidades. Esse é o tema principal desta história em quadrinhos.

Baudoin é um advogado que trabalha duramente. Seu cotidiano é tomado pelo assédio moral de seu chefe e um trabalho que absorve tudo o que ele tem de si. Em sua vida adulta não foi capaz de formar uma família. Seu irmão Luc acaba de chegar para passar uma temporada com ele. Os irmãos não poderiam ser mais diferentes: enquanto o protagonista é introvertido, Luc é farrista, engraçado, faz aquilo que quer sem se preocupar com bens materiais. Os irmãos discutem porque Luc percebe o quanto Baudoin é infeliz. Alguns dias depois da chegada de Luc, Baudoin percebe o aparecimento de um caroço do lado direito do seu corpo. É aí que sua vida muda para sempre.

Saí muito transformada dessa leitura. O final é desconcertante. É um livro que nos faz pensar em muitas coisas, escolhas e questões. Aquele tipo de leitura que fica com você por um bom tempo.

Leitura simplesmente espetacular. Leiam!!!


Marcelle Marinho


quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Dica de leitura - Livrarias: uma história de leitura e de leitores

 




Mais um livro para apaixonados por leituras. Li esse em 2019. Para a maioria dos leitores, viver um momento feliz é: aqueles passados numa livraria, explorando o labirinto das estantes, conversando com livreiros. A partir de textos que narram as histórias dos livreiros, Jorge Carrión vai construindo uma espécie de cartografia universal livresca, da Europa à América do Sul, dos Estados Unidos ao Oriente Médio, da Austrália à África. 

Nas trezentas e poucas páginas, visitamos as bibliotecas imaginárias de Borges, raras livrarias de viagem, as livrarias de Atenas, os sebos e as aventuras livrescas de grandes leitores, as livrarias da época da ditadura, o Bazar dos Livros de Istambul, a livraria mais antiga do Velho Oeste, a livraria como metáfora feminina, a livraria como teatro, a livraria de todos os dias. 

Essa foi uma leitura deliciosa, foi como uma viagem por tantas livrarias espetaculares. Certamente uma leitura que vale a pena ser feita.



Marcelle Marinho

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Dica de leitura - Por que ler os contemporâneos



Li esse livro em 2018. É uma reunião de 101 breves resenhas/verbetes que apresentam e descrevem autores contemporâneos. Quem gosta de ler, assim como eu, descobre nesses livros de listas um mundo de autores e livros novos, o que faz a lista de desejos literários aumentar consideravelmente. Já conhecia alguns dos autores e livros citados, mas como a literatura é um vasto mundo... 

Alguns dos autores citados no livro: Alejandro Zambra, Alessandro Baricco, Amitav Ghosh, Amós Oz, António Lobo Antunes, Atiq Rahimi, Bernardo Carvalho, Carlos Ruiz Záfon, Chico Buarque, Cristovão Tezza, Dulce Maria Cardoso, Haruki Murakami, Inês Pedrosa, Javier Cercas, José Luiz Peixoto, Luiz Ruffato, Marcelino Freire, Mia Couto, Milton Hatoum, Sérgio Sant'Anna, Toni Morrison. 

É um livro que você não precisa ler de uma vez. Funciona bem como consulta, quando se quer descobrir um novo autor e novas leituras.



Marcelle Marinho
 

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Dica de leitura - A vida que ninguém vê




Li esse livro em 2018. Foi meu primeiro contato com a autora. O livro é uma reunião das crônicas escritas por Eliane Brum no jornal Zero Hora. A forma de escrita da Eliane é muito humana, nesse livro ela dá nome e voz a pessoas comuns da cidade de Porto Alegre. Mostra como a vida cotidiana é cheio de uma beleza simples, que pouca gente se dá conta na correria das grandes cidades. Cada personagem retratado no livro revela muito da condição humana. 

O que é a vida que ninguém vê? Nos textos de Eliane, temos duas possibilidades: aquilo que se camufla na paisagem ou aquilo que se tornou tão comum, se desgastou, perdeu a graça, a cor, o deslumbre e o lugar na memória. 

É outra leitura que ao final nos torna mais humanos. 



Marcelle Marinho
 

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Dica de leitura - O frágil toque dos mutilados




Li esse livro em 2018. Conhecemos a história de Magnólia e sua família. Ela tem dois irmãos e eles não se encontram há algum tempo. Ela é especialista em vinhos, casada com Hebert, estudioso de Virginia Wolf. O encontro dessa família se dá na casa de Orlando, irmão de Magnólia, que fica a beira mar. O mar aqui não é apenas paisagem, mas sim uma metáfora do fluxo narrativo da história à medida em que a família vai passando por suas intempéries. O mar é calmo, bravo, tormentoso, azul, profundo... Muda de acordo com o vento.

Magnólia tem Transtorno de Personalidade Boderline, em que ela tem alterações de humor intensas e constantes, dificuldades em relacionamentos, impulsividade. No período em que está na casa do irmão, ela decide abandonar as medicações que faz uso porque quer ter emoções. Quer voltar a ter sentimentos e sensações que acabaram sendo "padronizados" pelo uso das medicações. A leitura desse livro fluiu muito bem.

É uma leitura que nos torna ao final mais humano e empáticos. Certamente vale a pena!



Marcelle Marinho

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Dica de leitura - O leitor como metáfora

 



Li esse livro em 2018. É mais um daqueles livros que se tornam favoritos. Outro livro sobre a leitura e seu poder mágico. É um texto teórico, mas fluído e gostoso de ler em que Manguel parece estar conversando com o leitor. 

A primeira parte vai tratar do leitor como viajante, ou a leitura como reconhecimento de mundo. A segunda, O leitor na torre de marfim, caracteriza a leitura como alheamento do mundo, como o ato de ler se revestindo de escapismo, de devaneio. E a terceira parte A traça - O leitor como inventor de mundo, sobre o arrebatamento que um livro pode causar no leitor. 

É uma leitura que enaltece o livro, a leitura e o leitor. Certamente vale a pena!



Marcelle Marinho



segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Dica de leitura - Os livros e os dias

 



Li em 2018 esse livro. Gosto muito de livros que falam sobre livros. É uma mistura de diário pessoal do autor e crítica literária. A cada mês, durante o período entre junho de 2002 e maio de 2003, Manguel escolheu um grande romance para reler e comentar no seu diário. Miguel de Cervantes, Dino Buzatti, H. G. Wells, Kafka, Borges, Machado de Assis são algumas das vozes que se ouvem nessas páginas. 

É uma leitura fluída, quase como uma conversa lado a lado com o autor. Para quem, assim como eu tem paixão pelos livros, é uma excelente dica de leitura.



Marcelle Marinho


Dica de leitura - O que o sol faz com as flores

 




Li esse livro em 2018. É da mesma autora de Outros jeitos de usar a boca, que já comentei aqui no blog. É uma coletânea de poemas sobre crescimento e cura, ancestralidade, honrar as raízes, expatriação e amadurecimento. O livro está dividido em cinco partes: Murchar, Cair, Enraizar, Crescer e Florescer, uma celebração do amor em todas as suas formas. 

É uma leitura fluída, alguns poemas não tão leves pelos assuntos que são abordados, mas certamente uma leitura que vale a pena!



Marcelle Marinho




sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Dica de leitura - O voo da guará vermelha

 




Li esse livro em 2018. Foi o primeiro contato que tive com a autora. É uma leitura simples, fluída. A história trata da vida de Rosálio e Irene. Ele, um pedreiro analfabeto, que carrega consigo uma caixa de madeira cheia de livros. Ela com uma doença incurável. A fusão entre o cimento e a guará vermelha ferida vai dando origem a uma explosão de cores que toma conta da vida tão incolor de ambos. Eles interagem e se complementam, à medida que Rosálio aprende as primeiras letras com Irene, que em contrapartida, ouve maravilhada as histórias de vida dele.

É um livro que exalta o poder transformador da leitura. Certamente uma leitura que vale a pena! 




Marcelle Marinho


quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Dica de leitura - As cientistas

 



Li esse livro em 2018. É uma espécie de enciclopédia que mostra as mulheres da ciência que nas diversas áreas fizeram descobertas que transformaram o mundo. O livro contém muitas ilustrações junto com uma frase marcante de cada cientista. Os textos são curtos e possuem uma linguagem de fácil compreensão. Para os termos que são técnicos ou desconhecidos, a obra possui um glossário no final do livro.

É uma leitura gostosa, fluída. Para quem gosta de curiosidades e ciência de um modo geral, é uma leitura que vale a pena!



Marcelle Marinho


sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Dica de leitura - Todo dia a mesma noite

 




Fiz essa leitura em 2018. É um livro sensível e doloroso. Ele nos leva de volta ao dia 27 de janeiro de 2013, quando 242 jovens perderam a vida no incêndio da Boate Kiss. Além de reconstruir o dia que deixou atônito os moradores da cidade de Santa Maria, o livro retrocede os últimos momentos das vítimas, traçando seu perfil e até depois da tragédia, que segue impune até hoje, sete anos depois.

O livro está estruturado a partir de várias perspectivas do acontecimento, a partir dos olhos dos profissionais do resgate, os médicos, as famílias e os sobreviventes. A cada capítulo várias nuances do desastre se apresentam. Além de contar a história sobre quem eram as vítimas, sobre a dor de quem perdeu um ente querido, Daniela Arbex escancara também o despreparo dos sistemas de emergência do país para lidar com desastres de grandes proporções. 

Essa é uma daquelas leituras em que saímos profundamente transformados. Certamente vale a pena.


Marcelle Marinho





Dica de leitura - O lugar escuro

 




Fiz essa leitura em 2018. É um livro biográfico, onde a autora nos conta sobre o Mal de Alzheimer de sua mãe. As mudanças de personalidade, a depressão, as monomanias, a paranoia psicótica, o medo, as alucinações. Como lidar com o turbilhão de emoções que surge? Foi um processo gradual, com pequenos sinais que foram desvalorizados até o momento da explosão, em que, pela primeira vez, a mãe de Heloísa "falava a linguagem dos loucos".  A convivência entre as duas passa a ser cada vez mais difícil. O cotidiano passa a ser móvel e fugidio. O que vale para um dia rapidamente se altera para o outro.

É assim que a autora nos transmite a sua experiência pessoal, como filha cuidadora, até o fim, de uma doente de Alzheimer. Partilha com o leitor o seu próprio conflito interior, entre o amor incondicional pela mãe e e saturação pela imprevisibilidade de seu comportamento.

É uma leitura que nos torna, ao final, mais humanos.



Marcelle Marinho


quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Dica de leitura - O último abraço



Li esse livro em 2018. Conta a história real do casal Nelson e Neusa, onde ela com 72 anos estava refém da cama numa casa de repouso, depois de quatro AVCs e em depressão profunda. Parecia não estar mais ali. Durante quatro anos Nelson a visitava todos os dias. A vida começou a ficar insuportável para Nelson, com 74 anos, um braço semiparalisado e impossibilitado de trabalhar na oficina mecânica montada em sua casa. 

Em 28 de setembro de 2014, pelo terceiro dia consecutivo o aposentado transportava uma bomba no bolso, sem coragem de detoná-la. Uma enfermeira interrompe a visita de Nelson a esposa. Ela arrancou das mãos de Nelson uma pequena bisnaga com o que ele gotejava água de coco nos lábios e na língua de Neusa. A iniciativa era incompatível com a sonda e vetada no asilo. Tiraram de Nelson o único ponto de contato com a esposa. 

Essa situação foi o estopim para que Nelson tomasse a decisão o artefato explosivo que carregava consigo., como uma forma de por fim aquele sofrimento. Da explosão que matou Neusa, ele saiu ferido e intoxicado. Passou alguns dias no hospital e três meses numa clínica psiquiátrica. 

No país que obriga as pessoas a viverem a decrepitude, o fim indigno, lento, arrastado e desumano, Nelson agiu na tentativa de libertar a mulher. Onde o Estado nega ajuda médica para morrer, o marido pretendeu tirar a companheira do que não era mais vida. E desejava para si o suicídio. Queria ir embora com Neusa. Seu livro transpira a vida como ela é: Nelson amava Neusa, havia carinho, companheirismo e também sentimentos contraditórios, algumas rusgas e mágoas. O romance deles era de carne, osso e rotina.

O Último Abraço levará o leitor a pensar um pouco na solidão da velhice, no sofrimento que não produz cura e na ausência de direitos – até mesmo o de sanar a sede com algumas gotas de água. 



Marcelle Marinho


sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Dica de leitura - Para poder viver




Fiz essa leitura em 2018. Conta a história biográfica da autora, que aos 13 anos fugiu da Coréia do Norte, um dos países mais fechados do mundo, cujo governo é conduzido com mãos de ferro pelo ditador Kim Jong-un. O objetivo de Yeonmi ao fugir da Coréia do Norte era apenas sobreviver à fome, às doenças e ao governo repressor. 

"Eu não estava sonhando com liberdade quando fugi da Coréia do Norte. Eu nem mesmo sabia o que significava ser livre. Tudo que sabia era que, se minha família ficasse para trás, provavelmente morreríamos - de inanição, de alguma doença, das condições desumanas de um campo de trabalho para prisioneiros. A fome tornara-se insuportável, eu queria arriscar minha vida pela promessa de uma tigela de arroz."

Imersos em uma cultura fortemente patriarcal, com sistema de castas e um culto ao líder que faz as pessoas acreditarem, a fim de obedecê-lo, que ele possui até mesmo poderes sobrenaturais, sendo capaz de controlar mentes, o controle do Estado sobre as pessoas é total e devastador. 

"Durante a minha infância, meus pais sabiam que a cada mês que passava, ficava mais difícil sobreviver na Coréia do Norte, mas não sabiam por quê. A mídia estrangeira era totalmente banida no país, e os jornais só davam boas notícias sobre o regime - ou punham a culpa de todas as dificuldades em tramas malignas de nossos inimigos."

O livro é dividido em três partes: Coréia do Norte, China e Coréia do Sul. Em algumas partes, a leitura é um pouco densa, difícil, mas extremamente necessária para que se tenha uma visão do todo, de como é a Coréia do Norte. 

É uma leitura que recomendo para que se conheça, um pouco que seja, um dos países mais fechados do mundo.



Marcelle Marinho

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Dica de leitura - O conto da aia




Fiz essa leitura em 2018, antes do livro virar série na televisão. É uma distopia teocrática onde, após uma revolução, todas as mulheres se tornam propriedades do Estado, que tem como promessa e objetivo o controle de natalidade a qual a sociedade de Gilead tem enfrentado. O livro descreve um regime abusivo, que cerceia os direitos humanos e suas liberdades. A autora nos apresenta uma realidade que por mais dura e absurda que seja, nos toca ao intercalar momentos do presente e passado da protagonista. Todos os seus passos e condutas são monitorados pelo Estado. Uniformizada e considerada sortuda por compor o time das mulheres férteis, é  colocada na casa de um dos comandantes para que tenha filhos dele.

É uma leitura densa, pesada em muitos momentos, mas que traz consigo muitos questionamentos possíveis de serem aplicados a sociedade atual.



Marcelle Marinho