segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Dica de leitura - O que o sol faz com as flores

 




Li esse livro em 2018. É da mesma autora de Outros jeitos de usar a boca, que já comentei aqui no blog. É uma coletânea de poemas sobre crescimento e cura, ancestralidade, honrar as raízes, expatriação e amadurecimento. O livro está dividido em cinco partes: Murchar, Cair, Enraizar, Crescer e Florescer, uma celebração do amor em todas as suas formas. 

É uma leitura fluída, alguns poemas não tão leves pelos assuntos que são abordados, mas certamente uma leitura que vale a pena!



Marcelle Marinho




sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Dica de leitura - O voo da guará vermelha

 




Li esse livro em 2018. Foi o primeiro contato que tive com a autora. É uma leitura simples, fluída. A história trata da vida de Rosálio e Irene. Ele, um pedreiro analfabeto, que carrega consigo uma caixa de madeira cheia de livros. Ela com uma doença incurável. A fusão entre o cimento e a guará vermelha ferida vai dando origem a uma explosão de cores que toma conta da vida tão incolor de ambos. Eles interagem e se complementam, à medida que Rosálio aprende as primeiras letras com Irene, que em contrapartida, ouve maravilhada as histórias de vida dele.

É um livro que exalta o poder transformador da leitura. Certamente uma leitura que vale a pena! 




Marcelle Marinho


quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Dica de leitura - As cientistas

 



Li esse livro em 2018. É uma espécie de enciclopédia que mostra as mulheres da ciência que nas diversas áreas fizeram descobertas que transformaram o mundo. O livro contém muitas ilustrações junto com uma frase marcante de cada cientista. Os textos são curtos e possuem uma linguagem de fácil compreensão. Para os termos que são técnicos ou desconhecidos, a obra possui um glossário no final do livro.

É uma leitura gostosa, fluída. Para quem gosta de curiosidades e ciência de um modo geral, é uma leitura que vale a pena!



Marcelle Marinho


segunda-feira, 7 de setembro de 2020

A Sombra Escura

A Sombra Escura

Gine conheceu Clausur numa balada. Era Agosto de 2011. Tudo tão rápido. 
Uma bebida, uma dança,  um beijo, a vontade de rir e sair correndo para um mundo novo. A paixão. 
A sedução.  Os segredos. Tudo era bom. 
Enfim, após seis meses de namoro, anunciaram o casamento. O bebê já estava no pacote da viagem. 
Casamento realizado e o bebê presente. 
Tudo era sorriso. 
Acordaram no dia seguinte. 
Clausur embriagado e nervoso. Gine surpresa. 
- Você era tão alegre e doce? O que aconteceu?
E num tom ríspido,  Clausur respondeu que a mãe  o preveniu que a mulher é ótima antes de casar, e depois só restam cobranças.  
E num golpe de agilidade, empurrou Gine, e foi cheirar uma carreira de pó branco na mesa da sala de jantar.
Respirou, deu um sorriso para a esposa, e alegre avisou que o dia começou.  
Então Gine percebeu que toda a alegria que Clausur carregava era feita de drogas. 
O bebê estava vindo. Gine teve medo. 
Como cuidar de um bebê no meio das drogas?
Um dia o marido sorri e no outro a machuca. 
E sua familia? Não podia contar com eles.
Melhor seguir nessa história.  
O bebê nasceu. 
Uma linda menina, morena e bem cabeludinha. 
O marido agradece as enfermeiras. 
Vão para casa. E lá o inferno recomeça.  
A bebê chora e a mãe apanha. 
A bebê acorda e a mãe apanha. 
Então Clausur decide entregar o bebê para adoção.  Gine perde o chão.  
Na insegurança chora escondido. 
No fórum, o Juiz e o Promotor querem saber da mãe os seus motivos. De olhos baixos, a Mãe desce as alças do sutiã,  seu corpo marcado de queimaduras de cigarro. O Promotor quer ouvir o pai, na mesma sala. 
Clausur solta gargalhadas e perde o controle. Segura a esposa e diz que a família é dele e faz o que deseja sempre. 
O Judiciário toma as providências de proteção. 
Atendo Gine para uma Constelação.
Pergunto quantos irmãos tem,  se os pais são  vivos e se estão juntos, ao que Gine responde:
- Minha mãe é costureira. A mãe dela também.  
Tenho 7 irmãos,  cada irmão veio de um pai. Nasci quando minha mãe tinha 13 anos. 
Foi abusada pelo irmão.  Minha avó? Expulsou minha mãe de casa. Falou que estava desviando meu irmão da Vida correta. O meu avô? Sumiu quando minha mãe teve o meu tio. Ele bebia e espancava minha mãezinha.  
-Eu vi tudo. E meu pai? Ahhhh. Era um militar. Rígido e cheio de regras. Visitava eu e minha mãe no bimestre, trazia chocolate. Morreu de cirrose. Eu só queria ser feliz...
Gine caiu no choro. A bebezinha no colo.
Abrimos a Constelação.  Frases sistêmicas e lágrimas escorriam no Campo. 
Ao final um suspiro.  
Gine olha a bebezinha, sorri e compreende que tudo aconteceu como uma repetição de crenças estabelecidas no sistema daquela família.  
A bebezinha tem a possibilidade de fazer diferente. Um futuro mais leve pode ser o caminho. 
Gine levantou com a Bebê no colo e agradeceu por estar mais leve. Ela sentia culpa e raiva. 
Agora segue fortalecida. Tirou da bolsa uma foto que recebeu da assistente social.
Na foto uma máquina de costura era um presente da ONG Mulheres Verdes. 
Recebeu as forças da segurança e da coragem.
Recebeu a vida. 
Agora as mudanças dependem da Atitude.
Tudo passa...
Tudo está certo nesse mundo invertido. 💖

(Nomes fictícios). 

Myriam Baraldi Psicanalista, Aromaterapeuta, Professora de Constelação Sistêmica Integrativa, especialista em Dependência Química pela UNIFESP /UNIAD, em Mediação Sistêmica e em Contratos Sistêmicos.  Advogada Sistêmica.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Dica de leitura - Todo dia a mesma noite

 




Fiz essa leitura em 2018. É um livro sensível e doloroso. Ele nos leva de volta ao dia 27 de janeiro de 2013, quando 242 jovens perderam a vida no incêndio da Boate Kiss. Além de reconstruir o dia que deixou atônito os moradores da cidade de Santa Maria, o livro retrocede os últimos momentos das vítimas, traçando seu perfil e até depois da tragédia, que segue impune até hoje, sete anos depois.

O livro está estruturado a partir de várias perspectivas do acontecimento, a partir dos olhos dos profissionais do resgate, os médicos, as famílias e os sobreviventes. A cada capítulo várias nuances do desastre se apresentam. Além de contar a história sobre quem eram as vítimas, sobre a dor de quem perdeu um ente querido, Daniela Arbex escancara também o despreparo dos sistemas de emergência do país para lidar com desastres de grandes proporções. 

Essa é uma daquelas leituras em que saímos profundamente transformados. Certamente vale a pena.


Marcelle Marinho





Dica de leitura - O lugar escuro

 




Fiz essa leitura em 2018. É um livro biográfico, onde a autora nos conta sobre o Mal de Alzheimer de sua mãe. As mudanças de personalidade, a depressão, as monomanias, a paranoia psicótica, o medo, as alucinações. Como lidar com o turbilhão de emoções que surge? Foi um processo gradual, com pequenos sinais que foram desvalorizados até o momento da explosão, em que, pela primeira vez, a mãe de Heloísa "falava a linguagem dos loucos".  A convivência entre as duas passa a ser cada vez mais difícil. O cotidiano passa a ser móvel e fugidio. O que vale para um dia rapidamente se altera para o outro.

É assim que a autora nos transmite a sua experiência pessoal, como filha cuidadora, até o fim, de uma doente de Alzheimer. Partilha com o leitor o seu próprio conflito interior, entre o amor incondicional pela mãe e e saturação pela imprevisibilidade de seu comportamento.

É uma leitura que nos torna, ao final, mais humanos.



Marcelle Marinho


quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Arrastar os Pés

 Quando tinha 15 anos ouvi uma Freira no colégio falar para as crianças numa sala de aula. 

- Andem sempre levantando os pés do chão.  

- Quem arrasta os pés está em desânimo,  perdido, em depressão,  sem vontade de nada, desmotivado em sua existência... o tempo passa. 

Essa freira chamava Irmã Lázara. 

Era protegida de S. José.  Quando criança,  seus pais morreram num acidente de carro e ela órfã foi cuidada e criada no convento. 

Tinha premonições e vidência. Colocava sua mão na testa das pessoas e retirava as dores da Alma e do corpo físico.  

Por suas lições tive a vontade de estudar Psicanálise e Linguagem do Corpo. Olhar o ser humano de outra forma. 

Fica aí um novo olhar para os adultos que estão arrastando os pés, e muitas pessoas se irritam e reclamam ou criticam bastante. 

Quando nossa irritação chega ao ponto do desrespeito, algo errado está em nós.  O outro desperta o bom e o ruim que já existe em nós.  

Sistemicamente poderia ser dito que essa pessoa, que arrasta os pés estaria seguindo aqueles que se foram ou, para honrar alguém perdido no sistema estaria sem rumo e desmotivado em seu Destino. 

Talvez a Constelação nos conte sobre a pessoa que anda com os pés arrastando ou a  psicossomática também seja o caminho. 

O importante é enxergar com os olhos do coração.   

Sintomas vistos e descritos no mundo da Vida. 💖


Myriam Baraldi 

Psicanalista. Professora de Constelação Sistêmica Integrativa e de Aromaterapia Sistêmica.  Especialista em Dependência Química pela UNIFESP /UNIAD e em Mediação e Contratos Sistêmicos. Advogada.  Mediadora Judicial e Extrajudicial. Analista Emocional. Master PNL.


quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Dica de leitura - O último abraço



Li esse livro em 2018. Conta a história real do casal Nelson e Neusa, onde ela com 72 anos estava refém da cama numa casa de repouso, depois de quatro AVCs e em depressão profunda. Parecia não estar mais ali. Durante quatro anos Nelson a visitava todos os dias. A vida começou a ficar insuportável para Nelson, com 74 anos, um braço semiparalisado e impossibilitado de trabalhar na oficina mecânica montada em sua casa. 

Em 28 de setembro de 2014, pelo terceiro dia consecutivo o aposentado transportava uma bomba no bolso, sem coragem de detoná-la. Uma enfermeira interrompe a visita de Nelson a esposa. Ela arrancou das mãos de Nelson uma pequena bisnaga com o que ele gotejava água de coco nos lábios e na língua de Neusa. A iniciativa era incompatível com a sonda e vetada no asilo. Tiraram de Nelson o único ponto de contato com a esposa. 

Essa situação foi o estopim para que Nelson tomasse a decisão o artefato explosivo que carregava consigo., como uma forma de por fim aquele sofrimento. Da explosão que matou Neusa, ele saiu ferido e intoxicado. Passou alguns dias no hospital e três meses numa clínica psiquiátrica. 

No país que obriga as pessoas a viverem a decrepitude, o fim indigno, lento, arrastado e desumano, Nelson agiu na tentativa de libertar a mulher. Onde o Estado nega ajuda médica para morrer, o marido pretendeu tirar a companheira do que não era mais vida. E desejava para si o suicídio. Queria ir embora com Neusa. Seu livro transpira a vida como ela é: Nelson amava Neusa, havia carinho, companheirismo e também sentimentos contraditórios, algumas rusgas e mágoas. O romance deles era de carne, osso e rotina.

O Último Abraço levará o leitor a pensar um pouco na solidão da velhice, no sofrimento que não produz cura e na ausência de direitos – até mesmo o de sanar a sede com algumas gotas de água. 



Marcelle Marinho


sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Dica de leitura - Para poder viver




Fiz essa leitura em 2018. Conta a história biográfica da autora, que aos 13 anos fugiu da Coréia do Norte, um dos países mais fechados do mundo, cujo governo é conduzido com mãos de ferro pelo ditador Kim Jong-un. O objetivo de Yeonmi ao fugir da Coréia do Norte era apenas sobreviver à fome, às doenças e ao governo repressor. 

"Eu não estava sonhando com liberdade quando fugi da Coréia do Norte. Eu nem mesmo sabia o que significava ser livre. Tudo que sabia era que, se minha família ficasse para trás, provavelmente morreríamos - de inanição, de alguma doença, das condições desumanas de um campo de trabalho para prisioneiros. A fome tornara-se insuportável, eu queria arriscar minha vida pela promessa de uma tigela de arroz."

Imersos em uma cultura fortemente patriarcal, com sistema de castas e um culto ao líder que faz as pessoas acreditarem, a fim de obedecê-lo, que ele possui até mesmo poderes sobrenaturais, sendo capaz de controlar mentes, o controle do Estado sobre as pessoas é total e devastador. 

"Durante a minha infância, meus pais sabiam que a cada mês que passava, ficava mais difícil sobreviver na Coréia do Norte, mas não sabiam por quê. A mídia estrangeira era totalmente banida no país, e os jornais só davam boas notícias sobre o regime - ou punham a culpa de todas as dificuldades em tramas malignas de nossos inimigos."

O livro é dividido em três partes: Coréia do Norte, China e Coréia do Sul. Em algumas partes, a leitura é um pouco densa, difícil, mas extremamente necessária para que se tenha uma visão do todo, de como é a Coréia do Norte. 

É uma leitura que recomendo para que se conheça, um pouco que seja, um dos países mais fechados do mundo.



Marcelle Marinho

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Dica de leitura - O conto da aia




Fiz essa leitura em 2018, antes do livro virar série na televisão. É uma distopia teocrática onde, após uma revolução, todas as mulheres se tornam propriedades do Estado, que tem como promessa e objetivo o controle de natalidade a qual a sociedade de Gilead tem enfrentado. O livro descreve um regime abusivo, que cerceia os direitos humanos e suas liberdades. A autora nos apresenta uma realidade que por mais dura e absurda que seja, nos toca ao intercalar momentos do presente e passado da protagonista. Todos os seus passos e condutas são monitorados pelo Estado. Uniformizada e considerada sortuda por compor o time das mulheres férteis, é  colocada na casa de um dos comandantes para que tenha filhos dele.

É uma leitura densa, pesada em muitos momentos, mas que traz consigo muitos questionamentos possíveis de serem aplicados a sociedade atual.



Marcelle Marinho